sexta-feira, 25 de maio de 2012

CATADORA DE PAPEL E A LIÇÃO FINAL APRENDIDA POR FAUSTO


LARISSA, CATADORA DE PAPEL, FEZ HOJE SUA MATRÍCULA NA USP. Essa é a geração dos jovens inspirados pelo presidente Lula... (Noticia um certo blog que faz de Lula um deus, com "d" minúsculo) 

Lendo a estupidez acima, em verdade a reprodução malsinada de um embuste petista, portanto, indigno da mais medíocre lógica, pus-me a pensar nas pessoas ingênuas ou mal informadas que diariamente são ludibriadas com farsas, simulacros e oportunismos infundados dessa natureza. 
Atribuir o êxito de Larissa ao ignaro Lula da Silva, por haver ela conseguido uma vaga na USP, é a negação tácita de toda e qualquer fundamentação de verdade. A fraude dessa matéria destituída de um mínimo de verdade é intencionalmente perigosa, uma vez que retira do sujeito moral, não só os seus méritos próprios, como também objetiva anular, de forma leviana e oportunista a capacidade de o indivíduo livre fazer suas escolhas para prosperar na vida. 

Ora, atribuir qualquer sucesso individual do cidadão a um governante (seja aqui ou na China, seja hoje ou na média idade da razão) significa afirmar que a vontade consciente do indivíduo não é compatível, nem proporcional, com os seus objetivos concretos. Basta um Lula no poder e os êxitos e sucessos de todos os brasileiros estarão garantidos por todo o sempre. 

Sabemos nós que a intenção ou vontade consciente de uma pessoa nem sempre reproduz a máxima expressão das suas ações. A realidade é uma prova incontestável de que, no confronto de vontades dos indivíduos, prevalece sempre a ação individual mais vigorosa, aquela que contenha maior capacidade de suplantar os obstáculos. Foi o que Larissa fez e mesmo que ela não tenha consciência disso, é fato que ela suplantou as adversidades da vida e conseguiu, por mérito seu (e não do Lula com seus quadrilheiros do PT) uma vaga na USP. Se Larissa, assim como tantos outros jovens não houvessem se preparado, nem Deus ou o Satanás os ajudariam a conseguir uma vaga em universidade, muito menos o tal Lula da Silva, esse deus tupiniquim da petralhada que nunca leu um livro.    

Mas a jumentice dessa gente é tanta, que chaga a aceitar uma caricatura midiática comprada com verdade absoluta. Ora, a caricatura do real é, em síntese, o resultado dessa tipificação equivocada que os tolos fazem por aí dos fenômenos sociais, onde um determinado traço da realidade é demasiadamente corrompido, para não dizer, fictício, haja vista a imensa maioria de pessoas que está por aí, penando com seus dilemas cotidianos, por serem incapazes de romper com o imobilismo que Larissa e outros romperam ao longo da história. 

Quantos bons exemplos de superação nós podemos trazer à luz para desmoralizar, de uma vez por todas, esse embuste discursivo publicado na web por gente muito maliciosa? Vamos ao 1º exemplo:


Machado de Assis (1839 à 1908) filho de Francisco de Assis, um mulato paupérrimo – ajudante de pintor de paredes – com Maria Leopoldina da Câmara Machado - lavadeira de roupas - mal estudou em escolas públicas, nunca frequentou universidades e, no entanto, tornou-se um dos mais importantes escritores brasileiros, sendo ainda, ademais de fundador da ABL, poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, crítico literário e homem público de reputação ilibada. O imperador, Lula ou o PT nada têm a ver com isso. 
Cruz e Sousa (1861 à 1889), nem sobrenome tinha, já que era filho de negros, escravos alforriados. Seu pai, Guilherme da Cruz, era um simples pedreiro e analfabeto; sua mãe, Carolina Eva da Conceição, era doméstica da família do Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou o nome de família, Sousa. O menino estudou, trabalhou, chegou a ser diretor do jornal Tribuna Popular, no qual combateu a escravidão e o preconceito racial e em 1883 foi recusado como Promotor de Justiça de Laguna por ser negro. Mas nem a cor da pele, nem a pobreza o impediram de se tornar um dos mais profícuos poetas e intelectuais do Brasil, fluente em francês, latim e grego. O imperador, Lula ou o PT nada têm a ver com isso. 

Silvio Santos (1930) de engraxate a camelô, tornou-se dono de um grandes conglomerados de empresas nacionais. Quando Lula e o PT se aproximaram de Silvio Santos, o resultado foi um tremando desfalque num certo banco que contou com a cumplicidade e conivência de gente graúda do PT. 

Vamos para outros países, onde os exemplos de superação são aos milhares: 
Aristóteles Sócrates Onassis (1906 à 1975), nasceu numa família grega pobre que vivia em Esmirna, região da Ásia Menor, onde os colonos gregos cultivavam o tabaco. Em 1927 ele partiu para aventurar a vida em Buenos Aires, onde falsificou sua identidade para "envelhecer" 6 anos e para ter condições legais de trabalhar. Tornou-se telefonista da British United River Plate Telephone Company e, nas horas vagas, estudava por conta própria o mercado financeiro. Nunca frequentou nenhuma universidade e o resto é o que sabemos.  

Nelson Mandela (1918), negro e paupérrimo, não deve ter se inspirado no Lula e nos quadrilheiros do PT, do contrário teria corrompido gente graúda do judiciário e não teria perdido mais de uma década de vida na cadeia; tornando-se o símbolo da luta contra o apartheid e um dos líderes mais respeitados do nosso tempo. 

Elvis Presley (1935 à 1971), filho de pais pobres, cresceu no meio dos destroços de um furacão que em 1936 devastou sua cidade, East Tupelo, Mississipi, e ganhava a vida como engraxate. Seria ridículo que alguém atribuísse ao presidente dos U.S.A os êxitos conquistados pelo rei do rock'n'roll, que faleceu no topo da glória, deixando para a filha uma fortuna incalculável. 

Bill Gates (1955) garotão da classe média americana, filho de advogado competente, iniciou os estudos em escolas públicas, elevou-se à Harvard, mas abandonou a universidade porque tinha um sonho a realizar. O resto é o que sabemos.  
Barack Obama (1961), negro e pobre, filho de um kenyano  muçulmano com uma americana, foi criado pela avó no Hawaii, estudou, formou-se, advogou e saiu batendo de porta à porta pedindo votos, e hoje é o que sabemos. 

Na web se pode encontrar milhares de exemplos de pessoas pobres e de todas as cores de pele que prosperaram na vida sem nem ao menos saberem da existência de Lula e do PT. A lista vem crescendo desde os tempos em que no céu só havia sete planetas.

Essa conexão forçada com Lula (uma fraude que comporta todos os adjetivos desmerecedores) é tão destituída de fundamento quanto afirmar que o êxito do apedeuta mor do Brasil, Lula da Silva (1945) – o 7º dos oito filhos de um casal de lavradores analfabetos que viviam na miséria em Caetés - Pernambuco, deveu-se, em 1º lugar, ao presidente Getúlio Vargas, e mais tarde aos presidentes, Costa e Silva e Médici, ao tempo de 1969, quando Lula cortou um dedo e ingressou num Sindicato do ABC fazendo chantagens e extorsões a pretexto de defender salário digno para trabalhadores, aposentados e pensionistas, todos esquecidos e desmerecidos ao longo do seu governo e também do governo Dilma. 

É preciso honestidade para dizer a verdade: Larissa, assim como tantos outros brasileiros que trabalham e se esforçam por melhores dias, dentre as quais me incluo, não devemos nada a Lula, nem ao PT, nem mesmo ao Estado e muito menos aos contribuintes ou larápios, os que sustêm ou os que dilapidam o Estado brasileiro com todas as suas deficiências. Devemos a nós mesmos, e aos nossos familiares e amigos, esses que nos incentivaram ao longo da vida.  

É uma grotesca fraude tentar anular, de forma sub-reptícia, os êxitos e conquistas de um indivíduo que se esforça com zelo, empenho e diligência para conseguir, às duras penas, realizar seu sonho. 

Válido é, portanto, encerrar a minha intervenção, invocando o velho Goethe: Sim! A esta ideia atenho-me com firme persistência: A sabedoria impõe-me o seio da verdade; conquista a existência e a liberdade, somente quem todo dia a conquista. (Guethe, na lição final aprendida por Fausto). 


Tenho asco de pelegos e desdenho olimpicamente dos bajuladores baratos, puxa-sacos, lambedores de botas e também dos descarados que inventarem essa tese repugnante e insustentável, a quem eu 
ousaria sugerir: aprendam a lição final de Goethe e deixarão de ser um bando de tolos integrados às correntes de lacaios que obumbram, subvertem e corrompem a verdade, impunemente. 

Ruy Câmara
Escritor

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