segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Escola e a (des)educação

Tenho observado a escola como veículo transformador da sociedade.Devo confessar que me deixa apreensivo o atual desempenho da educação. A escola está perdendo de vista sua vocação: transformar vidas. A escola que não transforma o aluno em cidadão crítico, ético e consciente de seu papel como agente atuante na sociedade não está cumprindo seu papel. Não tem razão para existir.
A educação brasileira passa por uma crise de qualidade sem precedentes na história. Professores despreparados e/ou desmotivados "avaliam" o aluno com os mais bizarros critérios. Quando inquiridos por que aprovam tais alunos vêm com as mais variadas desculpas: "é questão de caráter e a escola não transforma caráter"; "ele é chato", "vamos aprovar porque ele precisa trabalhar", "não vai ser ninguém mesmo" "não aprendeu até aqui". Esses profissionais não estão preocupados emeducar mas alijar o aluno indesejado.
O professor que aprova o aluno despreparado está procurando achar uma forma de compensar sua incapacidade e incompetência em não tê-lo educado. Revoltamos-nos com notícias de erros médicos, mas passam despercebidos erros pedagógicos que aleija o educando para o resto da vida. A diferença do erro pedagógico para o médico é que as consequencias do segundo são de curto prazo. Seria necessário a esses "profissionais" lerem Paulo Freire, Antonio Gramsci, Piaget, e outros mais. Assistir filmes como "Sociedade dos poetas mortos", "Escritores da liberdade" "Ao mestre com carinho", "Dança comigo" para terem alguma idéia de como educar.
A respeito da educação Paulo Freire mostra como ela deve ser compreendida teoricamente e como se deve agir através de uma educação denominada Libertadora. Para ele, educação é um encontro entre interlocutores, que procuram no ato de conhecer a significação da realidade e na práxis o poder da transformação. Ora, se Freire comenta o poder transformador da educação logo ela não deve ser uma educação "bancária", transmissor de conteúdos onde o aluno é agente passivo desse processo.Segundo Freire, "mudar é difícil, mas é possível e urgente". Para o professor atual cabe o desafio de mudar educacionalmente, ou seja, romper com os paradigmas clássicos que explicam os cenários que vivemos hoje: o da obsolência do conhecimento.
Por que esse descaso com a educação? Talvez seja porque ensinar o aluno a pensar e compreender seu papel no mundo não faz parte da cartilha de nenhum governo. Talvez seja porque nós, educadores atuais, mesmo sem querer,  reforçamos os valores da sociedade que aí está, vazia, imediatista, materialista...

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